Juro que já tinha levantado a pontinha.
Rolo o rôlo nos dedos e procuro a bendita ponta
transparente. Odeio embrulhar presentes por causa
da maldita ponta de fita adesiva. Tudo bem! Vai demorar um
pouquinho. É só ter paciência que vou achar.
Vou achar, vou achar... Levanto o rolo contra a
luz, a favor da luz e nada... Empenho todo meu
esforço, comprimo o dedo, a unha por toda a circunferência
do rolo e nada.
Putz... Essa fita tá afim de me sacanear, de estragar o meu Natal.
CADÊ A PONTA??? Gritei desesperada!
De repente, não mais que de repente eu sinto na extremidade
do dedo o desnível na fita.Achei! Era ali, justamente naquele lugar.
Cuidadosamente, lentamente, levanto uma beirinha da fita
adesiva e desprendo um centímetro dela. Barulhinho gostoso aquele,
da fita se desprendendo. Como é bom de ouvir aquele barulhinho meu
Deus! Eufórica por ter resolvido meu problema, fui afoita demais.
Minha alegria acabou em um segundo. O rolo infeliz caiu da minha
mão e rolou, rolou, rolou pelo chão da sala. _NÃO, NÃO!!! NÃO
COLA DE NOVO, POR FAVOR...NÃO COLA! Eu gritava desesperada
correndo atrás do miserável rolo. Afinal consegui pegar o desgramado
que foi parar bem depois da linha do trem. É... do trem. Que trem?
É assim que me sinto quando acontece um incidente com um
rolo de fita adesiva, depois que consigo soltar a ponta.O desgraçado
sempre rola e vai parar num lugar de difícil acesso. Esse espreguejado rolou e justamente foi estacionar em baixo do sofá pesado. Aí tem que arrastar o sofá, a gente percebe que em baixo dele está cheio de cutão, e o que é mais trágico:
Volta-se com o sofá pro mesmo lugar porque se tem pressa. Pior ainda:
Na véspera de natal, quando em cima da hora de entregar as
lembrancinhas (presente é coisa de rico) quando ainda estou as
voltas com uma fita adesiva endemoniada. Refeita do acidente de
trem, mais ainda ofegante por arrastar o sofá, limpando a poeira da roupa... da fita... volto aos embrulhos dos presentinhos, segurando o rolo nas mãos, vou direto na beiradinha que havia levantado.. Peito ofegante pelo suspense que me envolveu e tomou todo o meu ser, o que constato me faz soltar um grito de ódio: _ MEU DEUS!, CADÊ A P.............DA PONTA DE FITA DUREX?????????
Meu companheiro da saga “embrulhando lembrancinhas” (meu
finado marido) assistia a tudo e me olhava pasmo, olhos esbugalhados e perguntando __Pra que tudo isso filha? Aliás, ele sempre me perguntava isso. Indignada também perguntei : __ Que qui foi? Tá me olhando assim porque? Você é que é o culpado por não ter comprado aquele negocinho de colocar o rolo e cortar a fita na serrinha (eu não sabia o nome do negocinho - que na verdade era um suporte para fita adesiva)
Você sabe que EU ODEIO ESSA FITA gritei! Agora me diz:_ CADÊ A P......DA PONTA DA FITA DUREX????? Desisti de fazer os embrulhos.
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Nem sei como estou tendo coragem de postar uma besteira dessa, mas encontrei nos meus rascunhos depois dele ( meu finado) ter me dito._Escuta, porque você em vez de fazer poesia não escreve essas besteiras que você fala e faz. Tua ia ficar cheia da grana mulhé! Sem sacanagem, tua mãe te fez e perdeu a forma. Tu é............ (nem vou completar porque não pega bem. E foi o que fiz por volta de 2004. Acabei esquecendo essa "pérola" nos meus guardados. Ficar cheia da grana não vou ficar não, mas acho que ele ( o finado) ia gostar de ler.Bem, é isso.
O me preocupa hoje é lembrar que está chegando o Natal! Eu odeio fita durex !(adesiva)