Versos Ciganos





Ai de ti ...
Malú Bastos


As manhãs estavam nubladas naqueles dias tristes e vazios.
O cigano de alma impura pelo ódio que trazia em seu coração
E o desvalia, lançou mão do punhal que trazia à cintura e apontando
                                  Para o seu peito, matou o ciúme que o corrompia.

Pobre cigano de dores insanas.
O que o matou, já não doía,
Mas a saudade o enlouqueceu e
Viveu assim por toda eternidade.
Ai de ti meu cigano... Ai de ti...

Filhos do Vento
Malú Bastos



Os filhos do vento são enamorados da lua,
Amantes do mar – nômades felizes
Em seu alegre cantar.
Acendem faróis em nossa escuridão,
Alimentam nossa ilusão, pois dela também se vive.


Descobrem segredos escondidos a sete chaves
E são como as aves em bando, num feliz revoar.
Quando a fogueira se apaga – quase ao amanhecer,
Seguem os filhos do vento livres a percorrer
Novo caminho e escrever novas histórias.


A caravana passa e meu coração segue com eles.
Meu olhar os perde no caminho
E meus olhos... Choram de saudade.



Lenda Cigana
    Malú Bastos



A cigana caminhou pela areia úmida,
Lançou três flores no mar e depois
rodopiou... rodopiou... sobre as
conchas que enfeitavam a areia.
Ajoelhou-se, acendeu uma vela azul
E pediu a benção de santa Sara Kallena,
Para enfeitar o seu coração de amor.
A noite; voltou para saudar a santa
Que fora escrava e naquele dia a
Libertara da solidão.
Vestida de rendas e fitas e tendo um
Pandeiro na mão, dançou a noite
Inteira ao som gypsi, para o seu amado,
Que viera das ondas, trazido por
Santa Sara Kallí.
A cigana chorou de tanta felicidade e
Suas lágrimas então... Salgaram o mar.




Lua Crescente
Malú Bastos


No crescente da lua
Vou fazer uma alquimia
Que uma velha cigana me ensinou
Pra despertar minha sedução e sensualidade.
Vou pegar água na fonte n’uma
Ânfora de cobre, metal nobre
Para dar maior intensidade
A minha magia.
Vou pingar gotas de mel, da
Laranjeira em flor,
Cravo da índia e casca de canela
Para dar maior vigor,
Essência de rosa vermelha
Para aumentar o ardor,
A magia do meu sorriso,
O sabor de um beijo e
A força do meu desejo.


Derramarei sobre minh’lma
À luz do tênue luar,
O líquido precioso. Depois
Me deitarei sobre a relva fresca
E sonharei o sonho mágico
Que me dirá onde encontrar...
Minha alma gêmea!



"Alma Cigana"

*Malú Bastos*


Tenho a alma livre!
O corpo pode não ser, pois
quase sempre, alguma coisa
limita os passos.
Mas a alma não... Minha alma
Voa por aí....
Voa com o vento, com
quem tenho afinidade
e total intimidade.
Escuto sua voz e entendo
Se está feliz ou não;
De acordo com o momento.


De braços abertos rodopio
Sob a chuva quando não
Há alguém olhando,
Ou penso ninguém olhar...
Adoro o luar, cultivo o mar
Sonho ser borboleta e
Voar...voar...voar.
De preferência uma
borboleta azul que  vi
em certo lugar.


Conto estrelas; pelo menos
As três Marias, que procuro no céu
pra ter o prazer de contar.
Posso até dizer que se tornou mania.




Meu caminho fica lindo
Sob o sol dourado, mas prefiro
o Outono ou a primavera .
É bom andar descalça
pra alma poder dançar!


Gosto de sentir o cheiro do mato,
Ouvir o canto dos pássaros,
E procurar entre os galhos
O dono da canção.


Gosto de letras de musica e
de cantarolar suas melodias.
Amo amar, mas não gosto
Dos que tiram minha alegria
Em nome do Amor.


Vou seguindo...
Ao meu lado vai um
Anjo me cutucando,
Me lembrando a todo
Momento que todo sentimento
que carrego comigo é porque
tenho a alma cigana. E é por isso,
só por isso, que contudo... e acima de tudo...


SOU FELIZ !







Lenda Cigana
Malú Bastos

A cigana caminhou pela areia úmida,
Lançou três flores a no mar e depois
rodopiou... rodopiou... sobre as
conchas que enfeitavam a areia.
Ajoelhou-se, acendeu uma vela azul
E pediu a benção de santa Sara Kallena
Para enfeitar o seu coração de amor.
A noite, voltou para saudar a santa
Que fora escrava e naquele dia a
Libertara da solidão.
Vestida de rendas e fitas e tendo um
Pandeiro na mão, dançou a noite
Inteira ao som gypsi, para o seu amado,
Que viera das ondas trazido por
Santa Sara Kallí.
A cigana chorou de tanta felicidade e
Suas lágrimas então... Salgaram o mar.



Compromisso
Malú Bastos

Colo-te a coroa das princesas coroadas
Dos meus sonhos misteriosos.

Coloco-te um colar de estrelas cintilantes
Que recolhi do céu antes do amanhecer.

Na tua mão, deixo-te um elo de luz para
Que uses como aliança do nosso pacto de amor.

Depois partirei na eterna busca de mim mesmo,
Pois sou viajante do vento, que não tem morada,
Que anda por estradas,
Sem começo e sem fim.

Essa é minha sina. Não posso mudar minha história.
Afinal sou um cigano que deve seguir onde a Luz apontar.

Mas, não esquecerei a emoção que vivi
e quando menos esperar, estarei de volta.

Antes, peço-te por favor: Não me esqueça, pois
Jamais esquecerei de Ti.





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