18 março, 2009

Ilha do Governador

Triste de ver é cais deserto de barcos, de gaivotas famintas e
Preguiçosas, roubando peixe fresquinho, enquanto rudes
Pescadores agitam suas redes, arremessando os cascalhos na areia.

Bom de ver são banhistas cercando os barcos, curiosos e admirados
Pelos cardumes em estertores e tentando demonstrar cada um, maior
Conhecimento de suas espécies.

Engraçado de ver: Pescadores contando as histórias fantásticas da
Madrugada em alto mar.

Curioso de ver: a negociata do pescado ali mesmo na areia em balanças
Questionáveis e perguntas como: _ O senhor limpa o peixe?

Bom de lembrar tudo isso. Ruim é a distancia de lá – lá da Ilha do
Governador. Que Saudade meu Deus!
>>>Maria Lúcia Bastos<<<

16 março, 2009

Enigma

“Existe uma curva que preciso fazer, logo ali na frente, bem ali no meio, bem no centro do seio, no vale da montanha dos meus desejos. Uma curva turva, porém menos perigosa que as retas das linhas que traço pra chegar até ela.. Depois da curva há um declive e ele é o que mais me preocupa, pois é escorregadio como ladeira de sobe e desce. Se não me cuidar vou rolar e dar em nada e nada não é verbo pra conjugar. Acendo tochas pra iluminar minha rota. Cedo ou tarde vou chegar no "não sei onde" e rever os meus tesouros escondidos”
>>>Maria Lúcia Bastos<<<

Essas gotas de mel na boca é p’ra língua não se tornar ferina, p’ros meus beijos se tornarem doces e minha voz melodiosa. E quando eu chamar pelo teu nome, soar como delícia e penetrar nos teus ouvidos como carícia e ao ouvir-me, transformar-te n’um “ser” encantado, cujos lábios afinal sussurrarão ao meu ouvido:

P’RA SEMPRE

>>>Maria Lúcia Bastos<<<

12 março, 2009


Ferreira Gullar é, sem dúvida, o maior poeta brasileiro da atualidade.
Ganhador de muitos prêmios e inclusive indicado ao Prêmio Nobel de Literatura, diz que a morte é uma tema permanente em sua poesia.


Em sua breve visita a minha cidade (Maricá) no dia 12 de Março de 2009 - onde aconteceu uma palestra - a felicidade em ser atendida n'uma pose para um flash meu. Valeu Poeta!!! Abaixo, uma poesia de Ferreira Gullar.


"Traduzir-se"

Uma parte de mim é todo mundo:outra parte é ninguém: fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão. Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira. Uma parte de mim almoça e janta:outra parte se espanta. Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente. Uma parte de mim é só vertigem: outra parte,linguagem. Traduzir uma parte na outra parte— que é uma questão de vida ou morte —será arte?

De Na Vertigem do Dia (1975-1980)

Frase da poesis de Ferreira Gullar com a qual me identifico:"Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão."



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